José Antônio Marques
Só ao pisar o mais profundo degrau do abismo no qual se esconde a falácia da humanidade, foi possível retirar o véu que disfarça a plenitude da emoção. Somente lá, ela deixa-se perceber como algo que caracteriza a essência do humano.
Sendo o humano dotado de condição emocional, é também capaz de potencializar estímulos propulsores da ação, embasados nesta peculiaridade.
Se a emoção estiver junto ao intelecto como força capaz de transformar a energia em ação, a razão não é por si só, razão. A emoção passa a ser condicionante da razão, então penso existir um princípio racional emocional.
O que mais me chama a atenção neste texto de Freud é exatamente o olhar que ele estende sobre a incapacidade que tem o sujeito de deter o controle sobre a emoção. Ora, se não houver um meio do sujeito ter esse controle, parece sinalizar para a possibilidade de admitirmos que estamos num estágio menos evoluído do que o que pensamos estar.
Penso que o exercício à sensibilidade facultado pelo fazer artístico, ser de grande valia para a abstração do referencial simbólico, inexistente em crianças e adolescentes vítimas da desagregação familiar que caracteriza a sociedade contemporânea. Num mundo sem os mitos, os tabus e os ídolos, a humanidade perde-se, parafraseando Castro Alves em o Navio Negreiro ao referir-se as vagas (ondas do mar) “...como turba de infantes inquietas”.
Desta forma compreendo que a violência existente no atual momento histórico, parece ser dotada de uma particularidade mais cultural do que instintiva. Sendo assim, talvez então através do conhecimento possamos sublimá-la.
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