Gilles Deleuze
por Enrique Landgrave
... linhas de fuga - devir - imanência - repetição - singularidade - corpo sem órgãos - sentido - plano - multiplicidades - diferença - sensações - arte - máquinas desejantes - intensidades - máquinas de guerra fluxos - rizoma - abecedário - hecceidades - escrileituras - educação - vida - literatura - performance ...

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Rita Rufles

Não sonhei com nada e de lá saiu Rita Rufles.
Linda como uma carniça sendo devorada por vermes fluorescentes. De cabelo moicano e coturnos embarrados, coçava sua genitália depois da orgia da noite passada com três ratos dentro de uma lata de lixo.
Nas manhãs que nunca amanhecem, alimentar-se é um putzzz... e agora?
Olhos serenos. Boca carnuda e nariz vermelho, corpo e seios de uma adolescente que em vão procura por seu porrete: única companhia que lhe resta, pois sua aventura urbana é tão caótica quanto a metrópole que a engoliu, e agora quer vomitá-la.
Com os braços furados e as veias abertas, Rita soluça, sua cabeça bate no céu.
Cidade das agulhas, céus de concreto.
Deus rato eu te amo.

Fonte: http://resistenciakultural.blogspot.com/

Recorte que não reconheço

Wagner Ferraz
Inspira e expira

1. Este se enche de algo que necessita
2. Depois coloca isso, que se encheu, para fora porém transformado
3. Alimenta
4. E o que não é aproveitado coloca para fora
5. Dorme
6. Para acordar
7. Pisca
8. Para lubrificar os olhos
9. Fala
10. Para ser ouvido
11. Naturalizado estranhamento
Vida como exercício de estranhamento

Sufoca

Sem saber  que é, sem identificar, sem nomear, sem compreender o que está posto... Surge a aproximação por opção, por acaso ou acidente.
Acontece... Sufoca... Surge a chance de escapar que dá forças para seguir. O estranho fica ali onde estava, neste local de passagem.
Sem saber o que é... Acontece... Sufoca... Escapa... Dá forças...
O estranho... passagem...


Recorte que não reconheço
Wagner Ferraz
Recorte / Óculos /Provoca /Estranho/
 Não identifico
Recorte que não é pedaço!
Continuidade?
Recorte que não continua
Recorte que é óculos.
Recorte que provoca
Recorte que estranho
Recorte que não é recorte
Recorte que é RE-COR-TE
Recorte que é R-E-C-O-R-T-E
Recorte que reedita
Recorte que transfere
Sensação que estranho
Onde não me identifico

Vidarte-Nômade

 Tânia Mara M. da Silva
“Ele, um devir-passarinho, enrosca a sua vida em duas luas: uma dentro de si e outra exterior, que lambe a lama cruel. Pontual presença são as lágrimas secas e tortuosas dos seus ecos de subjetividades; o encantamento da sua atemporalidade são lambidas de utopias – poesia passarinha – música lamentosa. Ruídos doces de prazeres salgados revestem a sua história. E eu sou o quê? Sensação, senso, ação, só ação. Só ação? Abra a sua alma azeda, mesmo que a dor doída esperançal venha em forma de baú cristalizado de saudade abandonada. Ele, tentáculos de mim na ruptura colorida da temperança, devir-alegria.”
“Abstração, imagem multifacetada que ora mostra seu lado anjo, ora expressa seu devir-monstro, mas este vem simulado, polissêmico, confuso. Suas palavras são simulacros de vida-alegria, pois há um abismo de cores escuras que as separam daquilo ambíguo em potencial viver seu, que é a proeza existencial que o machuca. O poeta é resistência.”

Moça no vermelho

 Olívia Soares
“J. acorda e no esplendor da manhã apalpa um rio. Tem devoção por peixes e prepara as violetas e um fagote para dois lagartos. Toca sua noite entre dois homens, com ternura. As intimidades da voz são sua salvação. Ensina todas as horas do dia ao homem.”


“J. bate a porta de casa e toca o vento. São três horas e ele parece noturno. Se arrasta pela grama até perceber o lado de lá. Lambe uma pedra e emudece. Aprende a ficar de barriga para cima. O home J., dizem, voltou da guerra e passou a viver como cobra.”

Moça no vermelho


Caminhar,

Vermelho,

Vestido,

Branco,

Quase chega ao escuro, mas resiste

Fogo



"Ela caminha ao lado do fogo vermelho, mas nunca encosta. Uma ponta de cauda azul se queima, mas ela apaga. Mesmo aí ela está de costas, nunca veremos seu rosto. O vestido arrasta pelo chão, a ponta queimada vai se enrolando, fica presa.  À sua frente está escuro, ela quase chega mas resiste, hesita entre virar à esquerda e se queimar, ao encontro do escuro não quer ir – pensa que lá não se enxerga. Para trás não pode voltar. Não sabe que seria apenas esticar o braço direito, lá estão os buracos brancos, por um é possível passar o corpo todo de uma pessoa."

Textos imagético e escrito de Nilton Nunes


 Nilton Nunes 

1. O que eu percebi?
  • Tranquilidade
  • Pensamento vazio
  • Segurança
  • Calor
  • Plenitude

2. O que passou?

Ao olhar a gravura foi uma sensação de segurança e tranquilidade, pois o menino transmite, numa bela manhã de sol.

3. A pessoa que fotografou?

Observador com sensibilidade e cuidado para não despertar o menino da sua concentração de repouso no galho da árvore.

Textos imagético e escrito de Neuza M. Magnus de Oliveira

Neuza M. Magnus de Oliveira

“O que me inquieta é aquilo que vejo, compreendo... mas não sinto. O epicentro lírico que se mostra no olho do furacão. A linguagem infantil refletida em cores que vibram e se entrelaçam, buscando outras nuances, outras descobertas... Redemoinhos que permeiam meu inconsciente e traduzem a procura por algo que se esconde entre tantos quereres  e tantas incertezas...”
                                                                                

Superação, coragem, quebra de paradigma, enfrentamento do medo...



Marlon Zilio

Superação, coragem, quebra de paradigma, enfrentamento do medo, correr riscos, ir contra o aviso de alguém, oportunidade em situação difícil, status adquirido, satisfação, prazer no final, adrenalina, espírito vencedor*  
As características apontadas no personagem foram baseadas em minha pessoa. Encaixa-se na forma como enxergo o dia-a-dia, o fluxo de rotina.
Ao longo da vida profissional, pessoal e afetiva, partimos e somos criados a partir de premissas e ensinamentos da família. E o medo está inserido nos valores adquiridos, muitas vezes impostos por nossas responsabilidades desde que nascemos. Exemplo: o menino, ao sair de casa para jogar bola na rua é instruído a ter medo de ser atropelado por um carro, a não sujar a roupa, a ter um horário de volta para a casa... Esse medo acaba incorporado na personalidade das pessoas e acredito que haja conseqüências: influencia totalmente em todos os aspectos nas tomadas de decisões (por mais simples que sejam).
Em toda a escolha que fazemos, devemos escolher entre duas opções, e se levarmos em conta o medo, escolhemos o que não nos proporciona riscos, perdemos oportunidades importantes.
Conforme exposto em meu texto, abordo o medo que é imposto desde o princípio de nossa criação e estruturação de valores, assim como a tomada de decisões, superação, etc. Neste momento, falo de outras questões que não foram externadas.
Acredito que no início da formação de valores o medo esteja colocado como uma forma de proteção. Neste caso, não o excluiria do rol de premissas quando da criação de meus filhos, mas não seria enfatizado da forma como foi proferida na criação que tive, seria mais leve.
Estou ciente de que valores como coragem, correr riscos, ir contra a todos, além de todos... não seriam impostos, mas características adquiridas indiretamente.
Concluo que a forma como trato das características abordadas é particular, porém considero outras opiniões e tenho ciência de que em algum momento posso mudar (totalmente/parcial) os conceitos formados a partir de minhas experiências.
Não abro mão da forma das escolhas que tomo no dia-a-dia (profissional, pessoal, afetivo etc.) considerando o CERTO e o ERRADO.  E sei que pode ser perigoso, pois nem sempre acertamos.

*Correr riscos e enxergar oportunidades em momentos ameaçadores são características dos vencedores.  

Texto imagético de Maria Isabel

A volta do que não foi

 Maria da Luz C. Botão
“O vento e as palavras como passagem, como ambigüidade entre verdade e mentira. O absurdo tornado real, representação do real a partir do absurdo. Invasão. Passagem. Coisas, acontecimentos que vêm e que vão. Ambigüidade. Inversão.”
“Flechas atiradas sem e com direção transformam transmutando sentidos, alterando a con-formação, inventando, alterando, experimentando a formação.
o retorno do que não foi,
a vinda do que não vai,
a ida do que já foi
e daquilo que nunca será.”

A volta do que não foi

Maria da Luz C. Botão

A repetição mesmo que
Se diga que não há renovação
É renovar o velho,
O decrépito, decadente
Para dar novas cores
Novos sentidos
Espalhar novas luzes,
Novos sons
RE-NOVO-AR
RE-NOVA-AÇÃO

O amor é um cão dos diabos - Charles Bukowski

Marcos da Rocha Oliveira

p. 87
p.153 alguma coisa
p. 98 Chopin Bukowski

Nos fundilhos – Chopin Bukowski, este é meu piano! E eu sou Arturo Bandini.


Escrevi uma única coisa. E não há o que tirar nem por. Como as lesmas que escalam a parede de meu banheiro e meu quadro de dois girassóis a óleo.  As molas do meu sofá estouraram. Li umas poesias e falei sobre elas. As ações tiveram um dia de alta. Alguns riram. Agora, aqui. Nada a fazer. O bloco de anotações segue com suas banalidades. Carrego como sendo o meu “o cachorrinho riu”. Empilhados na mesa Bukowski e Fante. Cada um com suas mulheres, seus bares. E escrevendo com seus pianos. Peço o quarto Guinness Day 580 ml. Já sei que meus treze dinheiros não pagam nem o primeiro. Um menino de pele rosa entra com uma menina laranja. Só há uma saída. Mando-lhe um chute bem no meio do traseiro. Antes de voar para fora recolho meus livros e bato no peito:
− este é meu piano! E eu sou Arturo Bandini.
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